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Conto de todos os cantos: José Felipe


José Felipe durante a entrevista, em Nova Lima. Créditos: Priscila Mathilde

José Felipe é uma figura conhecida em Nova Lima/MG. Presente na centenária Corporação Musical União Operária há praticamente 50 anos, só parou para realmente aprender a tocar instrumentos e fazer parte da banda como música aos 70.


Hoje, com 84 anos, já passou pela Banda Santa Efigênia e também integra a Lira de Santo Antônio. Além disso, tem um histórico louvável de amizades com grandes nomes da música na cidade e região.


Descubra mais sobre a história de Zé Felipe na entrevista realizada pelo arte-educador e músico Pablo Araújo, que coordena o Projeto Arte Por Toda Parte de Nova Lima. Leia abaixo!



Conte um pouco sobre sua história com a música.

A minha história é interessante... Talvez ninguém tenha uma história igual a minha!


Por gostar muito de música, sempre tive vários amigos que atuam na área. Sou amigo do Sílvio Carlos do grupo Flor de Abacate, do Zé Carlos do cavaquinho, do Auzier etc. Me aproximei muito dessa turma, principalmente devido ao meu contato com o Zé Fuzil.


Inclusive, entrei para a Corporação Musical União Operária por causa dele, em 1964. Me tornei vice-presidente pelo fato de sempre estar ali, frequentando os ensaios, e fiz isso até me tornar diretor.


Não sei se você sabe, mas banda de música é uma coisa muito interessante. Quando a banda está na praça todo mundo fala: "Nossa, que bonito!”. Mas ninguém procura uma aula de música, ninguém sabe como a banda vive e ninguém vai aos ensaios. Quantos anos se passaram enquanto a Banda União Operária ensaiava e não havia nenhuma alma viva ali… Mas eu estava sempre presente!

Tudo aquilo me interessava muito, porém eu só fazia parte da administração. Vez ou outra, em alguns ensaios, eu me arriscava a tocar tarol ou prato, mas sempre tive muita vontade de ter um lugar como instrumentista da banda.


Depois de muito tempo acompanhando a Corporação, com aproximadamente 70 anos, resolvi aprender música e a ler partitura. Tive uma iniciação em tuba e depois passei para o bombardino.


Logo da Banda União Operária. Créditos: Redes Sociais

Que interessante! E como aconteceu esse processo?

Meu estudo de bombardino não foi brilhante, mas consideram que para minha idade foi muito bom. É lógico que, quando você começa a estudar aos 70 anos, não vai ser uma virtuose, mas vai conseguir tocar várias músicas.


Devo a minha iniciação no bombardino ao Miguel, lá de Raposos/MG. Ele é trombonista, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e foi aluno do Marcão — Marcos Flávio, referência do trombone no Brasil. Ele também se tornou um assombro pois, com 18 anos, já tocava demais!


Quando fui tocar com a Banda Santa Efigênia, na qual Miguel era o regente, a banda era uma big band e não tinha tuba na instrumentação. Então, ele me ofereceu o lugar para tocar bombardino e, assim, comecei com o instrumento.


Além da Banda Santa Efigênia e da Corporação União Operária, o senhor faz parte de algum outro conjunto?

Atualmente, estou tocando com a Lira de Santo Antônio. Mas, por conta da pandemia, tem dois anos que a gente não toca. Lá, costumo falar que eu sou o músico mais novo da banda, com 84 anos! (risos)


Qual a relação do senhor com o Zé Fuzil?

O Zé Fuzil foi meu amigo, fomos muito próximos. Eu era considerado o presidente do grupo Ferro Velho, do qual ele era o dono. Mas, não cheguei a tocar com ele diretamente porque quando fui aprender música, ele já havia morrido. Então, toquei muito com o Zé Lopes. Mas eu era aprendiz e ainda sou até hoje, somos eternos aprendizes.


José Felipe e o arte-educador Pablo Araújo durante a entrevista. Créditos: Priscila Mathilde

E sobre o Choro: como se deu essa história na sua vida?

Quando vamos falar sobre o Choro, temos que falar do Zé Fuzil e do conjunto Ferro Velho… Então, a minha história com o Choro tem duas nuances: antes e depois do Zé.


Antes, havia um flautista chamado Adolfo Magalhães, que foi o fundador do grupo Ferro Velho. Mas depois o Zé Fuzil assumiu esse lugar e, assim, temos duas fases. Ele é e foi marcante na minha vida e na história de Nova Lima. O Zé Fuzil marcou época!



Há alguma história interessante sobre o Choro de Nova Lima que o senhor gostaria de contar?

Teve uma manhã de domingo em que a Corporação União Operária foi tocar na Igreja do Santo Antônio. O Mário, que é luthier aqui na cidade, tinha feito um cavaquinho para o Auzier. Então, o Sílvio e o Auzier viriam de Belo Horizonte para pegar os instrumentos.


O Sílvio perguntou se havia algum lugar onde eles poderiam tocar e o Mário indicou o Bar do Italiano. Nisso, fui chamado para receber esse pessoal que vinha de BH e fui ver os dois tocando. Na hora pensei: “Isso é um prato cheio para Zé Fuzil!”.


Qualquer hora que você chamasse o Zé para tocar, ele topava. Daí, fui à casa dele, chamá-lo para ver o pessoal e tocar. Apesar dele estar com visita em casa, me acompanhou até o Bar do Italiano. E assim foi o encontro do Sílvio e do Auzier com Zé Fuzil. Eles tocaram juntos e fizeram muita música naquele dia. O encontro foi tão bom, que no outro final de semana aconteceu novamente!

 

O Conto de todos os cantos sobre Nova Lima conta com o patrocínio da Vallourec via Lei de Incentivo à Cultura.

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