Mais conhecida como Gracinha, Maria das Graças Silva Gonzaga realiza um trabalho lindo em que empresta ou aluga roupas de festa junina para pessoas que vivem na cidade e nas zonas rurais de Entre Rios de Minas/MG.
Natural do distrito rural de Camapuã de Cima, ela vive em Entre Rios há mais de 40 anos e lá iniciou esse projeto de roupas, com o objetivo de que todos que quisessem se vestir e participar das festividades de junho pudessem fazê-lo.
Para conhecer mais sobre a história de Gracinha e seus vestidos festivos, confira a entrevista abaixo. Ela foi realizada pela arte-educadora Elis Ferreira e faz parte de uma série de conversas com agentes culturais da cidade e região. Continue a leitura!
Conte para a gente como começou essa história de você fazer vestidos para o pessoal da cidade.
Tenho seis filhos, três meninas e três meninos. E eles ficavam doidos para dançar quadrilha. E eu pensava: “Na minha infância eu dancei quadrilha, mas não tinha vestido específico. As festas aconteciam na roça, então a gente só chegava e dançava. E tem tanta menina, carente, que gosta e quer se vestir para as festas juninas, mas não tem como”.
Eu via minhas filhas olhando para outras crianças… Elas até choravam por ter vontade de usar um vestido de quadrilha e não ter. E como eu não tinha um vestido para isso, pedia emprestado aos outros. Mas depois ganhei três vestidinhos, que emprestei para outras três meninas dançarem e segui emprestando nos anos seguintes.
E como isso se desenvolveu para o que é hoje?
Depois, eu conheci a Dona Marli, que costura — eu não costuro —, e ela foi confeccionando outros vestidos que eu emprestava. Em seguida, a dona Elisa Arminda, que era diretora da escola Dom Randolfo, me deu uns panos e falou: “Manda fazer os vestidos, você aluga eles num preço simbólico e depois vai crescendo. Você empresta para as meninas carentes e aluga para as outras pessoas”. E assim eu fui crescendo: o primeiro dinheirinho que eu consegui foi R$50,00. (risos) Depois foram R$250,00, depois R$500,00…
Tenho vestidos de noiva, paletó para os homens, alguns chapéus, vestido para criança, etc. Inclusive, recentemente, eu doei um carro cheio de vestidos para a Dom Rodolfo.
Se a pessoa falar: “Ah, eu não tenho dinheiro para pagar, mas quero muito dançar”. Eu digo: “Então dança!”.
E você gosta de festa junina? Também usa os vestidos?
Ah, eu adoro, eu até danço! Tenho o meu próprio vestido, né? (risos)
Tem alguma festa que é específica em alguma parte da cidade que você participa ou participava com mais frequência?
Lá no Montijo, eu levava malas de vestido! Chegando lá, tinha uma sala de aula só para mim, eu botava os vestidos e vestia as meninas. Depois, quando terminava a quadrilha, elas tiravam e me devolviam. Além disso, lá no Mata Boi eu também emprestava os vestidos para as meninas dançarem. Inclusive, na casa da minha filha, que hoje em dia mora lá.
O Conto de todos os cantos sobre Entre Rios de Minas é patrocinado pela Vallourec via Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo de Entre Rios e Lei de Incentivo à Cultura.
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